terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quase;

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. (...) Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.“

Luiz Fernando Veríssimo


O momento quase infeliz, não conseguiu estragar tudo que eu tinha dentro de mim. As lagrimas quase teimosas, não foram o suficiente pra calar os meus sentimentos. Os beijos quase intermináveis, não foram o bastante para mostrar o quanto eu sentia a falta dele. E as palavras quase não ditas, revelaram muito mais do que eu esperava.

E o quase que ele deixou pendente no ar, pra mim, virou uma certeza concreta. A ilusão rola solta dentro de mim, e eu quase não sinto vontade de voltar a realidade.

Um comentário:

  1. Quando você se refere aos seus algos como "quase bom" me desperta uma duvida cruel...

    Seria uma modéstia ou uma cegueira-pessoal?

    Nunca subestime o poder de seus atos, pois neles existe muito mais do que somente ações, sentimentos que são ou não compreendidos.

    Existe a verdade, o amor e a esperança de algo.
    De tudo.
    De ser possivel e passivel de acontecer.

    Quem quase desperta, continua a sonhar.
    Despertando, porém, podemos fazer esses sonhos uma realidade.
    O risco que tomamos aumenta nosso prêmio e completa aquilo que bate em nós.

    Seus "quase bons" atos mostram que é alguém bom por completo.
    Incrivelmente.
    Que merece que tenha não mais um complemento, mas mais um igual, à altura.
    À altura de toda essa incrível presença...

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