16 voltas ao Sol;

Um dia antes.

- Você está fazendo tempestade em um copo d’agua! – ele começou a engrossar a voz, e eu sabia que aquilo não era um bom sinal.

- Porque? Porque eu estou com medo que todo o meu futuro passe a não existir?

- Você não sabe o que está falando.

- E você sabe? Você, o garoto mimado, que a maior dor que teve na vida foi a sua ‘namoradinha’ ter dito que você não se encaixava mais na vida dela? Qual é a importância disso perante a situação de ver seu melhor amigo virar geléia? Você não sabe o que é sentir dor!

- você sabe o que esse Rapha é? É um COVARDE! – ele gritou, e eu senti meu sangue ferver. Sai andando, ficar ali não ajudaria em nada, mas ele permaneceu parado, na porta da minha casa, tentando se desculpar.

Essa foi a primeira gota que fez meu balde transbordar, eu não iria aturar aquilo por muito tempo, e todo mundo via isso. Mas naquele dia, eu não iria mais conversas, eu só precisava dormir.

No MEU dia especial.

5:45 da manhã. Olhei pro teto e não vi nada, não me senti feliz, me sentia pesada, cansada, só queria dormir mais um pouco.

- Levante, você tem prova hoje! – esperava algo mais caloroso, mas eu sabia que da minha mãe, as coisas felizes viriam quando ela estivesse mais acordada. Obedeci sem reclamar.

(...)

- Eu nunca vi você dar uma risada de verdade Prih (...) e a sua melhor amiga está sempre tão feliz, gosto de olhar pra ela, pro sorriso dela. – eu levantei e fui tomar alguma coisa antes que eu vomitasse ou dormisse.

A comemoração das minhas 16 voltas completas ao Sol estava indo de mal a pior. E só queria ir dormir, respirar. Eu só queria que aquele outro alguém, o alguém que outrora eu tive uma historia, tivesse ali comigo. Isso teria feito do meu dia, o dia mais feliz.

- Achei a minha versão masculina!- ele gritou.

Pode parecer a coisa mais idiota do mundo, mas eu senti aquilo me correr por dentro, sentia vontade de espanca-lo, mas preferi comer.

Mais tarde, ele desligou o telefone na minha cara, e quando eu deitei na minha cama, eu já tinha a certeza do que eu precisava fazer. E pude dormir tranquila.

No dia seguinte.

- Não adianta você gritar, acabou, aquela foi a ultima vez que eu aturei alguma besteira sua.

- Você esta terminando comigo?

- Estou. – e desliguei o telefone.

(...)

Ele estava na minha frente, como se nada tivesse acontecido, como se eu fosse obrigada a relevar que ele estragou o meu dia especial.

- Eu não fiz nada disso.

- Você sabe muito bem o que você fez!

- Eu quero a minha blusa, e o meu girassol!

Sai correndo e fui pegar as coisas dele, eu não queria mais vê-lo.

- Enfia no cu!

(...)

- Espero que voce fique feliz nesse seu mundinho. Está triste? Enfia o dedo no cú que passa! – ele gritou quando eu já estava dentro de casa.

Eu sabia que aquele menino que um dia eu disse pra todo mundo que era especial, que sentia prazer em estar perto, não existia mais! E aquela menina que um dia eu confiei todos os meus segredos, também não!

Mas no fim, o meu dia especial foi salvo, pelo sorriso de um garoto, que eu nao sabia quem era.

“E se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo!”