quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Unresolved ;

Sinto algo entalado em minha garganta. Sinto que deixei algo por resolver. Sinto que as coisas estão erradas. Eu não sei onde estou. Eu só preciso conversar.

Pego o telefone, interurbano não é nada barato, mas eu realmente não me importo. Digito os números com rapidez, mas ele não atende o telefone de imediato. Um toque, dois toques, três toques, quatro toques...

- Alô – no instante que ouvi a voz dele, já me senti mais calma.

- Está muito ocupado?

- Na verdade, eu tava no meio do banho, to com shampoo no cabelo e de toalha... mas não, eu não estou ocupado – agradeci infinitamente por ter alguém com quem conversar, alguém que não tivesse nada a ver com a bagunça, alguém que realmente iria me dizer o que era certo a se fazer, sem apenas olhar para si mesmo.

Contei toda a historia, todos os detalhes, todos os porquês, todas as teorias. Não sei se ele prestou atenção em tudo, se dormiu no meio da historia ou se me deixou falando e foi terminar o banho. Sei que ao terminar, já me sentia melhor, mais calma.

- Vamos por partes, eu sei que você quer ouvir algo de mim. Mas realmente quer ouvir a verdade?

- Claro! – não hesitei em responder.

- Não acho que haja alguém certo ou errado nessa historia, se é o que você realmente quer saber. Mas um conselho, de alguém que já passou por isso: dê prioridade a você mesma. Abra a janela do seu quarto e veja o sol, e não milhões de nuvens e promessas a se cumprir. Se você quer sair correndo e gritar na cara de todo mundo o que fez, e que realmente sente muito por isso, faça-o! Mas não se sinta culpada, por algo que ninguém faria diferente. E lembre-se ela também fez com você, um tempo atrás, e não é agindo por vingança, mas ela também não é ninguém para te julgar! - Discordava de muitas coisas que ele disse, mas eu sabia que ele estava certo.

Pedir desculpas não vai ajudar, ficar pensando no assunto também não. Realmente, eles não são ninguém pra me julgar, são pessoas tão errôneas quanto eu. E ela sabe que eu realmente sinto muito. E não há mais nada que possa ser feito!

“Inocente ou culpado? Quem são vocês pra me julgar?”

nostalgia de coisas imaginárias ;

Costumava me sentar naquela praça e simplesmente parar de existir. Esvaziava a minha cabeça e podia pensar em qualquer coisa sem problema algum. Mas agora, toda vez que eu sento naquele banco sujo, e olho para aquela arvores maltratadas pela poluição, eu simplesmente não consigo pensar.

Lembro-me de sentar lá e conseguir lembrar da minha infância, das brincadeiras, das risadas, de como as coisas eram simples e felizes. Lembro de me sentar naquele banco e lembrar do meu pai, como uma boa memória, como tempos memoráveis. Lembro-me que adorava passar horas e horas sentada ali, sem pensar em nada, sem ver nada do mundo real. Lembro-me de me enfiar dentro de mim, e fazer as coisas funcionarem do meu jeito, de ficar imaginando historias sem fim, historias felizes. Lembro-me de qualquer coisa que eu já tenha feito, porem, não consigo mais não pensar em nada, não consigo mais imaginar historias.

Algo está errado, comigo ou com aquele pequeno lugar verde. Não consigo me esvaziar, e sentar ali sozinha, se tornou um peso. Talvez porque aquela praça agora pertença a outras memórias, memórias de um garoto bom. Ou talvez porque as coisas saíram do meu controle, e eu perdi meu mundo pessoal. Ou talvez, as coisas estejam realmente boas, e eu não precise mais me esconder do mundo.