sexta-feira, 7 de agosto de 2009

it's dead baby, it's dead!

- Você é romântica? - Ela me perguntou ao acaso de uma madrugada chata e deselegante.

- Eu já fui bem mais sentimentalista e sonhadora agora... Agora eu não sinto quase nada. E você?

- To meio a meio. Tem dias que não parece que sou eu mesma. Mas tem outros dias que o sentimentalismo foi parar no rabo!

- Eu acho que o romantismo já morreu a muito tempo.

- Já sim. Acabou nos anos 20.

- Acho que ele morreu antes disso. Quero dizer, se um dia ele existiu de verdade.

- É tudo pura ilusão...

- É tudo mentira! Onde já se viu jurar amor eterno e depois de 2 meses acabar, e ainda vir me falar que o amor acabou, ah se lascar! O amor não existe, o romantismo não existe! É tudo falsidade. O cara só é romântico pra te comer, essa é a realidade!

- Onde já se viu um cara falar que você nunca o larga e depois de um ano e meio terminar dizendo que você não muda! Ah se fuder!

- Onde já se viu um cara dizer que você é a vida dele e depois te largar porque achou uma bunda maior! Ah se fuder!

- “Amor, eu te amo de mais e não quero te perder nunca. Promete que vai ficar comigo e me amar pra sempre?” Claro! Se você prometer eu ate pensaria no caso! Ah se fuder!

- “Oi amor. To passando aqui pra te lembrar o quanto eu te amo.” E pra onde foi essa merda de amor? Pra bunda de uma mais gostosa? NUNCA EXISTIU! Se fuder!

- NUNCA MESMO!

- Ridículo!

É por essas e outras que eu digo que o amor nunca existiu, se ele existisse, a felicidade não seria tão difícil de ser alcançada, as taxas de suicídios seriam bem mais baixa e as de assassinatos também.

Coitados são aqueles que acreditam e buscam insensatamente a promessa que nos fizeram a muito tempo, de um amor de verdade, só para gastarmos nosso dinheiro em diamantes, rosas e roupas caras. Os românticos que me desculpem, mas o romantismo está morto a décadas, e o amor nunca existiu!

Minha visão mal criada e desiludida das coisas, não dêem atenção a isso. Sonhem, é a melhor coisa a se fazer na vida!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Feliz Ano Velho!


- A gente está te esperando fazem 40 minutos, onde você está Raphael? – me irritei, era 5 de agosto de 2006, nesse exato dia faziam 6 anos da amizade mais linda de todo o mundo, e é claro que ele estava atrasado.

- Calma, eu tive que comprar umas coisas e acabei me atrasando, relaxa Prih.

- Lá vem você com as suas desculpas, se você não chegar aqui em 5 minutos eu juro que volto pra casa e só saio de lá com um Porsche – eu estava de costas pra catraca do metrô Consolação, e não vi ele chegar.

- Acho que vou ter que voltar e ir te buscar em casa com um Porsche né? – ele disse baixinho no meu ouvido, foi incrível ouvir a voz dele por dois lugares: a que saia metalizada do meu celular e a aveludada com a respiração dele na minha orelha. Ele era magnífico, em todos em sentido.

(...)

Duas horas dentro de um bar na augusta, muita cerveja, uma roda gigante de amigos, muita risada. Ele abriu a mochila e tirou um embrulho de jornal de dentro, com um cartãozinho com a caligrafia rápida e tremula, imagino que ele tenha escrito aquilo dentro do metrô. Colocou no meu colo e não falou nada, só ficou olhando.

Abri aquele sorriso e li no cartãozinho: “6 anos é pra poucos, e nós somos muito pra 6 anos. Rapha.” Eu não queria abrir o embrulho, eu sabia que era um livro e eu sabia que eu ia me derramar em lagrimas e ele odiava meu sentimentalismo.

- Obrigado – eu disse baixinho, com medo de ele ver que eu não iria abrir aquilo naquele momento.

- Abre logo criatura – ele disse rindo, como eu adorava aquele sorriso.

Abri. E por um momento eu não entendi o presente. Um livro, isso eu já sabia, um livro com o titulo “Feliz Ano Velho”. Nunca ouvira falar naquele livro, muito menos no autor Marcelo Rubens Praga.

- O livro fala de basicamente da força das amizades – ele explicou vendo a minha cara de duvida. – Esse Marcelo ficou tretaplégico, e conseguiu se recuperar 50% por causa dos amigos que ele tinha envolta.

Agora tudo fazia sentido. Ele arrancou o livro da minha mão.

- Nunca li, vou pegar emprestado.

- Mas eu nem li ainda porra.

- Ah, você vai ter a vida inteira para lê-lo, deixa eu ler antes. – e fez aquela cara de pidão, a cara que ele sempre fazia de propósito pra me fazer ceder. Deixei ele ler primeiro.

E o mais ridículo dessa historia é que eu nunca tive esse livro de volta em minhas mãos, lembro que tinha uma dedicatória linda, mas não consigo me lembrar de todas as palavras então deixa pra lá. Depois de 7 meses desse acontecimento meu querido amigo Rapha cometeu suicídio, e guardou o livro consigo. E depois de 2 anos enfim eu o li.

Eu sinto sua falta Rapha, e realmente, a amizade supera tudo, até o suicídio. Eu te amo, eu sei que esse amor é de verdade, e é eterno.

“Você é ‘espacial’ garoto... ‘espacial’!”