sexta-feira, 24 de julho de 2009

Duplipensar.

- Como alguém que tem tudo pra ser perfeito, consegue se tornar a pessoa mais tosca de todas? Como ela pode perder o brilho assim, tão rápido?

- As ações, tudo se baseia nas ações. Se eu decidir que agora eu tenho que te beijar, confundindo toda a nossa historia, deixando os sonhos fixados dentro da minha cabeça se misturar com a realidade imposta por nossas condições, deixando meus sentimentos serem maiores que a minha razão, isso não seria um ato pensado. E essa ação impensada faria todo o brilho da nossa amizade se ofuscar. Eu perderia meu brilho perante a ti, me deixaria levar por um desejo, e você perderia toda a confiança que deposita sobre mim.

Ele disse essas palavras como se não fossem nada, mas no fundo eu sabia o que ele queria dizer, ele só queria me mostrar a verdade, o desejo que outrora alguém sentiu pra mim, o desejo irracional que acarretaram milhões de ações erradas e logo milhões de problemas desnecessários.

- Porem, se a emoção fala mais alto que a razão, tudo se torna opaco. – fiz uma pausa para acender o cigarro - não importa se você pensar milhões de vezes antes de agir, de se condenar, de confessar. As palavras sempre vão sair erradas se sua emoção for contraria ao que queres dizer.

- E chegamos ao ponto certo dessa conversa minha pequena. Você escolhe o que é melhor ou pior pra você. VOCÊ CONTROLA AS SUAS AÇÕES. – ele fez uma pausa que me pareceu mais longa do que o normal, como se tivesse analisando o que se passava dentro de mim, ele sempre soube. – não reflita tanto em algo que não tem fundamentos minha pequena. Não deixe esse pequeno erro te corroer, não vale a pena, nunca valeu.

Eu não sabia como, mas tudo que ele dissera era verdade, não valia a pena, nunca haveria de valer. Mas eu fiquei esperando pela próxima critica. Mas nada saia dos lábios dele, os olhos profundos e verdadeiros diziam tudo. Ele não estava ali com o papel de critico, ele estava ali como o coadjuvante da minha historia. Ele estava ali como amigo, fiel e inabalável.

sábado, 18 de julho de 2009

Enfim, as verdades.

Foram mais de duas horas só de palavras sem sentido e sentimentos intermináveis. A noite estava fria, mas não parecia pois eu tinha o calor do corpo dele no meu. Eu sentia os seus olhos me fitarem, mas dessa vez era diferente, existia algo ali que eu não conhecia mais. A sua mão em minha cintura, seu nariz no meu.

- Você tem certeza disso? – perguntou como se adivinhasse o que eu pensava.

- Você ainda me ama? – estremeci – Quero dizer, existe outra garota?

- Existe!

- Não me importo – beijei-o. Eu sabia o que viria a seguir, sabia que as coisas ficariam cada vez pior e mais fora de controle depois daquele ato, mas não me importei, eu desejava aquilo a meses, eu o desejava. Lembrei-me da resposta, voltei a realidade. – Quem?

E então ele disse aquele nome, mesmo que a frase dele tivesse começado com um ‘acho’, aquilo me parecia tão concreto, tão real, eu sabia que o que ele sentia por ela não era um simples ‘achar’ e sim uma certeza. E então veio a dor, a luz da realidade. Ele não me amava mais, e como um eco, essa frase se repetia inúmeras vezes em minha cabeça.

Eu me escondi, me desvinculei dos braços dele pra esconder as lagrimas que desciam determinadamente por minha face. A dor era insuportável, a realidade me sufocava. E ao fundo ele dizia: “Não chora, não chora... esse momento é mais importante, eu estou aqui com você!” e eu pensava: “ Qual a importância disso se quem você queria que estivesse aqui era ela? Qual a importância?” mas calei-me, não tive coragem de dizer. Nada acalmaria aquela dor, eu sabia. Mas eu fiz uma escolha, eu esperaria para senti-la. Aquele momento era meu, talvez seria o ultimo momento. Aproveitei. Beijei. Abracei. Senti. Amei. Me despedi, talvez pra sempre.

Eu te amo, coisa magrela.